Translate this Page
DIRIGIR
DIRIGIR PRA MIM É:
UM SONHO
UMA NECESSIDADE
UM DESAFIO
NAO TENHO VONTADE
Ver Resultados

Rating: 3.9/5 (2011 votos)

ONLINE
1







DIRIGINDO Á NOITE

DIRIGINDO Á NOITE

 


Os perigos da noite

Mesmo motoristas com visão saudável podem ter dificuldades depois que o Sol se põe

1 - Luzes ofuscantes Lâmpadas irregulares e faróis desajustados são um incômodo a mais; não há dados sobre multas
2 - 50 km/h O motorista tem uma visão periférica de 90 graus. Parada, uma pessoa "vê" 180 graus 
3 - 100 km/h Quem está ao volante do automóvel tem um ângulo de visão restrito a 40 graus 
4 - Iluminação contrária Os faróis dos carros que vêm em sentido oposto podem ofuscar o motorista durante alguns segundos 
5 - Visão restrita A profundidade de campo cai de 250 metros à luz do dia para 40 a 50 metros à noite 
Riscos ocultos À noite, um animal ou obstáculo só será percebido dentro do ângulo de visão do motorista e à distância aproximada de 60 metros 
7 - Cálculo errado Um motorista ou pedestre a 100 ou 120 metros de distância vê os faróis do outro carro, mas não é visto

O inverno chegou trazendo as noites mais longas. É preciso sair do trabalho depois do pôr-do-sol, mais do que um desconforto para muitos motoristas. Aos limites da visão se juntam a falta de iluminação pública e a agressão dos faróis desregulados e das lâmpadas fortes. Nas estradas, o movimento é menor. Mas o número de acidentes aumenta.

"Quando dirijo à noite, tenho a sensação de que nadei de olhos abertos em uma piscina com cloro. A vista fica turva, parece que tem uma nuvem na minha frente", conta Renata Antoniassi, administradora de empresas de 27 anos.

Dirigir à noite sempre foi um problema para Renata. Ela bateu logo no primeiro mês de habilitação. Era noite. Depois, leves seqüelas de uma cirurgia de correção da miopia contribuíram para aumentar o transtorno. "Mesmo antes disso, não gostava. Só dirijo à noite porque preciso; se pudesse escolher, nunca dirigiria", garante.

"É muito comum pacientes reclamarem, mesmo os que não têm nenhum vício de refração, como miopia e astigmatismo", diz o oftalmologista Guerini Nicoletti. Segundo o médico, o ofuscamento causado pelos faróis dos outros veículos e a incapacidade de enxergar a certas distâncias são as principais queixas.

Paulo César Teixeira, eletrotécnico de 55 anos, também faz de tudo para não ter de dirigir depois que o Sol se põe. "Sinto um desconforto muito grande, minha vista fica cansada." Ele conta que, em rodovias, o ofuscamento atrapalha tanto que mal consegue ver a sinalização da estrada. "Os faróis dos veículos refletem muito, por isso programo todas as minhas viagens para o dia", afirma Teixeira.

O eletrotécnico faz bem em se precaver: 45,6% dos acidentes registrados de janeiro a abril deste ano nas rodovias federais que cruzam o Estado de São Paulo ocorreram entre as 18 e as 6 horas. Durante todo o ano passado, a porcentagem sobe para 51,5%. São dados da Polícia Rodoviária Federal, segundo a qual o número é alto, considerando que a circulação de veículos à noite é menor que a diurna. Conforme a NovaDutra, concessionária que administra a rodovia entre Rio e São Paulo, o movimento das 18 às 6 horas é cerca de 40% do total.

Michel Eid Farah, professor de oftalmologia da Universidade Federal Paulista, explica que cones e bastonetes são as principais células da visão. Os cones, no centro da retina, garantem a nitidez de imagens e cores. Já os bastonetes, na periferia dos olhos, proporcionam imagens com ângulo mais abrangente, embora pouco detalhadas. "Os bastonetes, usados quando há pouca luz, são responsáveis pelo campo de visão, fundamental para dirigir à noite", diz Farah.

O desconforto de muitas pessoas com a direção noturna pode ser explicado pela falta dos detalhes nas imagens. Isso porque os cones funcionam bem apenas com iluminação. "Em casos mais sérios, a pessoa pode ter retinose pigmentária, doença que proporciona um campo visual mais tubular", afirma o professor. O problema, explica Farah, é hereditário e tem como sintoma a cegueira noturna.

Limitação humana Embora o movimento noturno seja menor, há mais acidentes

"Nos Estados Unidos, cerca de 100 mil pessoas têm cegueira noturna, mas no Brasil não há estatísticas", diz Farah. Pessoas de pele mais clara sofrem mais com o ofuscamento, segundo o especialista, por ter menos pigmento nos órgãos de visão. "Quando a luz bate, reflete dentro dos olhos, funcionando como uma caixa espelhada", explica o professor.

Motoristas com fotofobia também sofrem com o ofuscamento. "Eles são muito mais sensíveis à luz e os faróis atrapalham demais", diz. Para evitar o incômodo do ofuscamento, Farah aconselha o uso de óculos especiais. "Há lentes com mais filtros e que contrastam mais à noite, acentuando as imagens e separando melhor os estímulos luminosos", diz. As lentes ideais, de acordo com o médico, são as de cores amarela e âmbar.

Além da perda dos detalhes das imagens, à noite a percepção de profundidade de campo também é menor. "O motorista deve tomar muito cuidado, especialmente com os pedestres", afirma Gilberto Lehfeld, ex-presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) e estudioso de segurança de trânsito. "Eles pensam que são mais visíveis do que realmente são", alerta.

Lehfeld diz ainda que o motorista na faixa dos 50 anos precisa tomar mais cuidado. "Ele necessita do dobro de luz que um de 30 para enxergar", afirma. Segundo ele, o uso de óculos pode manter a acuidade visual estática, mas não a dinâmica. "A acuidade dinâmica é a capacidade de mover os olhos de maneira sincronizada com os alvos móveis", explica o ex-presidente da CET.

Nessa faixa de idade é aconselhável fazer exames de visão freqüentes. De acordo com Lehfeld, fica-se mais sensível ao ofuscamento e mais lento para adaptar-se à escuridão. O tempo de reação do motorista diminui e, além disso, a visão periférica – a capacidade de enxergar alguma coisa fora do campo central de visão – se deteriora com o tempo. 

O que a lei diz – O Código de Trânsito Brasileiro dá boa atenção às luzes do carro. Mas, segundo o Comando de Policiamento de Trânsito de São Paulo (Cptran), não acender o farol baixo ao passar em túneis, ou em situações adversas como chuva e neblina, são infrações comuns. Classificadas como médias, são punidas com multa de R$ 85,13, mais quatro pontos no prontuário do motorista. Usar farol alto em vias com iluminação pública é a terceira falta mais freqüente. Considerada leve, custa R$ 53,20 e três pontos.

O motorista deve tomar cuidado também com faróis desregulados, pois essa infração é considerada grave. Quem for pego pela fiscalização levará multa de R$ 127,69 (mais cinco pontos). A mais alta punição é para quem dirige sem óculos, uma infração gravíssima: R$ 191,54 e sete pontos.

Trauma noturno Renata sente desconforto nos olhos: "Se pudesse escolher, nunca dirigiria à noite"

Manutenção – Estar com os faróis regulados é essencial para ver bem à noite e não ofuscar os demais motoristas. Na rede Precision Tune, franquia norte-americana com oficinas em São Paulo, Ribeirão Preto e Fortaleza, o alinhamento dos faróis é gratuito. "O serviço leva no máximo 15 minutos", afirma Ricardo del Bianco, gerente de operações.

Na rede Midas, outra franquia norte-americana com unidades em São Paulo, a verificação é gratuita: "Mas, se houver necessidade de regulagem, são cobrados R$ 10 para qualquer veículo", diz Fábio Cazarotti, gerente comercial da rede. Segundo ele, o ajuste deve ser feito com equipamento especial e verificar o facho de luz e sua convergência. O dono do carro pode conferir se há convergência dos faróis, segundo Cazarotti: "É só aproximar o carro de uma parede branca, em piso plano, e verificar os pontos mais fortes de luz, que são os de incidência". De acordo com ele, esses pontos não devem ter uma só direção, mas têm de estar no mesmo nível. "Se não estiverem, é preciso regular", afirma.

Os faróis desregulam, explica Cazarotti, porque as peças internas sofrem desgaste natural e, às vezes, até oxidação. A regulagem, adverte, deve ser diferente para cada farol. "O da direita deve ter maior abrangência de campo que o da esquerda, para não ofuscar a visão de quem vem em sentido oposto", afirma. 

Dicas para dirigir à noite

 mantenha os faróis sempre regulados;
 conserve o pára-brisa, os faróis e as lanternas limpos;
 complete o reservatório do limpador de pára-brisa;
 esteja mais atento em estradas desconhecidas – nesse caso use o farol alto, tomando o cuidado de baixá-lo quando estiver atrás de outros veículos ou cruzá-los; 
 procure orientar-se principalmente pela sinalização horizontal (na pista); 
 para evitar o ofuscamento pelo retrovisor interno, mude-o para a posição "escura". Há espelhos que se escurecem automaticamente de acordo com a intensidade do farol do veículo que vem atrás; 
 ao cruzar um veículo com farol alto, pode-se evitar o ofuscamento frontal desviando o olhar e orientando-se pela margem direita da rodovia;
 se sentir sono, pare em local seguro e descanse.

Fonte: Roberto Manzini

Luzes no futuro – Hoje, muitos carros já permitem que a altura do facho dos faróis seja ajustada por comandos no próprio painel. Mas os principais fabricantes do setor prevêem avanços para o sistema de iluminação dos veículos. Carlos Takata, engenheiro de fotometria da Cibié, empresa do grupo Valeo, afirma que a tecnologia para produção dos faróis inteligentes já está disponível.

"A tendência é de que os faróis do futuro se adaptem às condições de dirigibilidade do motorista, tenham fachos de luz de acordo com a velocidade e que também mudem conforme a condição climática", afirma.

Marcel Oliveira, diretor de marketing da Visteon, confirma a tendência. O Light Management System, equipamento desenvolvido pela empresa, tem como características o ajuste de foco conforme o percurso, velocidade e condições de tempo. Tanto o sistema da Valeo quanto o da Visteon ainda não têm previsão para lançamento.Bons treinos!